O Futebol Clube Ferreirense vive uma crise institucional prolongada desde há alguns meses. O processo eleitoral para os órgãos sociais do clube tem sido marcado por sucessivos adiamentos e acusações entre as duas listas candidatas, num ambiente de crescente tensão que ameaça comprometer o planeamento da próxima época desportiva.
As eleições estavam inicialmente agendadas para sábado passado, 10 de maio, no Campo de Jogos do clube, mas foram novamente adiadas.
A nova data apontada é 7 de junho, ficando agora a votação prevista para decorrer no Pavilhão Desportivo de Ferreiros.
📆 Um processo marcado por adiamentos e impasses
O processo eleitoral começou por ser agendado para 19 de março, mas foi adiado devido a uma violação dos prazos estatutários. A nova data, 12 de abril, acabou por gerar maior tensão.
12 de abril – Assembleia marcada pelo caos
Mais de 500 sócios reuniram-se nesse dia num espaço que, segundo várias críticas, não oferecia condições logísticas nem ventilação adequadas. A Lista B, liderada por Manuel Antunes, afirma que alertou previamente a Mesa da Assembleia Geral para a inadequação do local, sem que nada tivesse sido feito.
A sessão rapidamente degenerou num cenário de confusão e tensão. A Lista B apontou "falta de organização", enquanto a Lista A responsabilizou a entrada irregular de quase uma centena de novos sócios, feitos e aceites no próprio dia — meia hora antes do início dos trabalhos — alegando que essa ação violava os estatutos.
A Mesa da Assembleia acabou por interromper a sessão sem que qualquer decisão fosse tomada.
14 de abril – Reunião para encontrar uma solução
Na sequência do episódio de 12 de abril, realizou-se uma reunião entre as duas listas e a Mesa da Assembleia. Ficou acordado que a assembleia interrompida teria continuidade a 26 de abril, data que mais tarde foi alterada para 10 de maio, ficando esta reservada para a realização das eleições.
Segundo a Lista B, foi também decidido dividir a ordem de trabalhos em duas assembleias distintas, sendo a de 10 de maio dedicada exclusivamente à eleição dos órgãos sociais.
A divergência principal prendeu-se com os critérios de participação: a Lista B defendia o voto de todos os sócios ativos, enquanto a Lista A e a Mesa da Assembleia, ainda segundo a versão da Lista B, queriam limitar o voto aos presentes na sessão de 12 de abril.
A Lista A alega ainda que só foi oficialmente informada da nova data e dos critérios de votação a 6 de maio, criticando o que considera um tratamento desigual, já que, segundo refere, a Lista B teria sido avisada com mais antecedência.
10 de maio – Novo adiamento após impugnação
Dois dias antes do ato eleitoral, no dia 8 de maio, a Mesa da Assembleia recebeu uma impugnação formal por parte de nove associados, que contestavam a convocatória por não respeitar os prazos estatutários. A Mesa aceitou o argumento e declarou nula a convocatória, marcando nova data para 7 de junho.
A Lista A diz ter sido informada do adiamento através de um telefonema do Presidente da Direção, que, recorda, não tem competência estatutária para tal — já na noite de 8 de maio. Apesar disso, concorda com os fundamentos da impugnação, por envolver sócios feitos no próprio dia da assembleia de abril, e acusa a Mesa de ter permitido um desrespeito pelos estatutos e pelos sócios históricos do clube.
A Lista B, por sua vez, admite não conhecer em detalhe o teor da impugnação, mas manifesta preocupação com os sucessivos adiamentos e o impacto negativo que o clima de instabilidade tem sobre o clube e os seus atletas.
🤝 Apelos à união em clima de divisão
Apesar das divergências, ambas as listas têm feito apelos à união. A Lista B defende a necessidade de recentrar esforços nos atletas e devolver estabilidade ao clube. A Lista A insiste numa liderança “madura, transparente e institucionalmente responsável”, destacando o cumprimento dos estatutos como condição essencial.
Nos bastidores, porém, cresce a apreensão entre sócios e simpatizantes, que veem no prolongamento da crise um risco real para o futuro da vida associativa e do projeto desportivo.
⏳ 7 de junho: A última esperança?
Com os olhos postos em 7 de junho, muitos consideram esta nova data um teste crucial à capacidade do FC Ferreirense de ultrapassar o impasse. Se o ato eleitoral decorrer sem novos incidentes, poderá marcar o início de um novo ciclo.
Caso contrário, o clube arrisca-se a prolongar indefinidamente uma crise que ameaça corroer a confiança dos associados e comprometer a próxima época.
